segunda-feira, 25 de abril de 2016


RELATORIO SOBRE DISCUSSÃO DE PROJETO DE PESQUISA – 01/04

# ESTUDO GENÉTICO DE PACIENTES COM LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO COM OU SEM ARTROPATIA DE JACCOUD
ORIENTANDA: ANNA PAULA MOTA DUQUE SOUSA
ORIENTADOR: MITTERMAYER BARRETO SANTIAGO
RELATOR: AUSENTE (NÃO FOI COMUNICADO SOBRE TROCA DE APRESENTADORES)

O estudo proposto foi um estudo descritivo sobre a prevalência e os tipos de HLA-tipo II em pacientes com Artropatia de Jaccoud (AJ) associado a Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) e em pacientes portadores de LES, sem AJ.
Na introdução, discutimos as características da Artropatia de Jaccoud (AJ). É uma patologia frequentemente associada a Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), que pode causar deformidades articulares de gravidade variável, principalmente mãos, pés, joelhos. Decorre de inflamação articular e periarticular pode originar frouxidão ligamentar e capsular, levando à deformidades características. Sua prevalência é de aproximadamente 5% da população de pacientes com LES (50 casos para 100.000 habitantes). Não se sabe por que apenas uma parte dessa população desenvolve a doença. Suspeitamos que exista, então, uma influencia genética no desenvolvimento dessa doença.  Não há estudos genéticos prévios em pacientes com LES e AJ, porém há estudos genéticos envolvendo HLA em outras populações de pacientes com doenças do tecido conjuntivo, com LES, Esclerose Sistêmica, Artrite Reumatóide, por exemplo.O HLA tipo II está associado a doenças auto-imunes (apresentam antígenos extracelulares para células T helper CD4+).
 A justificativa apresentada para o estudo foi a importância de compreender sobre o perfil genético relacionado aos alelos do HLA tipo II de pacientes com LES associado ou não a AJ, este último nunca antes avaliado.  A possível identificação de um tipo específico de HLA nesta população poderia utilizá-lo como instrumento prognóstico e terapêutico. Durante a apresentação, a platéia colocou a importância dar maior ênfase à justificativa e sua aplicabilidade clínica. Deve-se ainda dar destaque à originalidade do estudo, pois não se tem informações previas sobre estudo genético envolvendo HLA na população de AJ.
Os objetivos apresentados foram: a) primário: descrever a prevalência e tipificar os alelos do HLA tipo II em pacientes com LES associado ou não a AJ; b) secundários: avaliar possível correlação genética com: 1) gravidade dos sintomas; 2) alguns marcadores laboratoriais. A platéia sugeriu não enumerar os objetivos secundários e colocar as informações em forma de texto, pois fica melhor apresentado.
O desenho do estudo foi o principal ponto de discussão do trabalho: se o estudo tem um caráter predominantemente descritivo ou analítico.
O estudo apresentado foi de prevalência, tipo transversal. A população estudada será constituída de pacientes portadores de LES com ou sem AJ do ambulatório de Reumatologia, do ADAB (Ambulatório Docente-Assistencial da Bahiana), em Salvador, com critérios clinicos e laboratoriais para LES (Critérios ACR, 1997 e 2012) e AJ (Critérios de Santiago, 2012), sendo excluídos aqueles com outras doenças auto-imunes associadas.
 Os pacientes serão divididos em 2 grupos: portadores de AJ associado a LES, que serão estudados em sua totalidade (60 pacientes) e pacientes portadores de LES sem AJ, que serão obtidos de uma amostra aleatória, após o calculo amostral. A importância de ter um grupo controle é que sendo os dois grupos compostos de pacientes com LES, reduzimos a influência genética do LES no HLA pesquisado, que existe através de estudos clínicos prévios bem documentados.
O professor Luis Cláudio colocou a seguinte questão: o estudo tem um caráter mais analítico do que descritivo, pois temos uma hipótese a ser pesquisada e se pretende comparar duas populações partindo-se do fator doença. Nesse caso, poderia ser constituído um estudo caso-controle com ou sem pareamento. Foi contra-argumentado que o estudo não tem um HLA a ser testado, já que não há estudos prévios, portanto, os pesquisadores precisariam descrever primeiro os tipos de HLA e sua prevalência no grupo com AJ. Somente a partir do ponto em que se encontre um HLA de maior prevalência seria possível fazer uma análise comparativa nos dois grupos desse HLA pesquisado. Gostaria de acrescentar que há estudos da literatura envolvendo HLA do tipo caso-controle e outros, do tipo transversal.
O protocolo de pesquisa envolverá a caracterização clínica e laboratorial, através de revisão de prontuário (banco de dados),extração de DNA, análise de HLA tipo II e exames laboratoriais (hemograma, bioquímica, autoanticorpos, provas inflamatórias). As amostras de DNA serão enviadas ao Laboratório de HLA da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para análise. Os demais exames laboratoriais serão processados no Laboratório do Hospital Santa Izabel.
A análise estatística será através do programa Statistical Package for the Social Science (SPSS Chicago – IL, versão 20). Associações entre tipos de HLA e manifestações clínicas e/ou laboratoriais de LES e AJ serão avaliadas pelo teste do qui quadrado ou teste T de Student. Considerar-se-á significante o Intervalo de Confiança de 95%.
O projeto será iniciado após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da EBMSP. Os indivíduos deverão assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e o estudo será conduzido de acordo com a resolução do CNS 466/12. Os dados de cada participante serão armazenados de forma sigilosa pelos pesquisadores .
O orçamento do projeto será patrocinado pelo CNPq, através dos recursos destinados à pesquisa, recebidos pelo orientador do projeto.





BIBLIOGRAFIA
1.            Santiago MB, Galvao V. Jaccoud arthropathy in systemic lupus erythematosus: analysis of clinical characteristics and review of the literature. Medicine. 2008;87(1):37-44.
2.            Santiago MB, Galvao V, Ribeiro DS, Santos WD, da Hora PR, Mota AP, et al. Severe Jaccoud's arthropathy in systemic lupus erythematosus. Rheumatology international. 2015;35(10):1773-7.
3.            Santiago MB, Machicado V, Ribeiro DS. "Mutilans-type" Jaccoud Arthropathy. The Journal of rheumatology. 2015;42(4):725-6.
4.            Kelly JA, Moser KL, Harley JB. The genetics of systemic lupus erythematosus: putting the pieces together. Genes and immunity. 2002;3 Suppl 1:S71-85.
5.            Graham RR, Ortmann WA, Langefeld CD, Jawaheer D, Selby SA, Rodine PR, et al. Visualizing human leukocyte antigen class II risk haplotypes in human systemic lupus erythematosus. American journal of human genetics. 2002;71(3):543-53.
6.            Shankarkumar U, Ghosh K, Badakere SS, Mohanty D. HLA-DRB1*03 and DQB1*0302 associations in a subset of patients severely affected with systemic lupus erythematosus from western India. Annals of the rheumatic diseases. 2003;62(1):92-3.
7.            Rood MJ, van Krugten MV, Zanelli E, van der Linden MW, Keijsers V, Schreuder GM, et al. TNF-308A and HLA-DR3 alleles contribute independently to susceptibility to systemic lupus erythematosus. Arthritis and rheumatism. 2000;43(1):129-34.
8.            Tsuchiya N, Kawasaki A, Tsao BP, Komata T, Grossman JM, Tokunaga K. Analysis of the association of HLA-DRB1, TNFalpha promoter and TNFR2 (TNFRSF1B) polymorphisms with SLE using transmission disequilibrium test. Genes and immunity. 2001;2(6):317-22.
9.            Penaranda-Parada E, Quintana G, Yunis JJ, Mantilla R, Rojas W, Panqueva U, et al. Clinical, serologic, and immunogenetic characterization (HLA-DRB1) of late-onset lupus erythematosus in a Colombian population. Lupus. 2015;24(12):1293-9.
10.         Graham RR, Ortmann W, Rodine P, Espe K, Langefeld C, Lange E, et al. Specific combinations of HLA-DR2 and DR3 class II haplotypes contribute graded risk for disease susceptibility and autoantibodies in human SLE. European journal of human genetics : EJHG. 2007;15(8):823-30.
11.         McHugh NJ, Owen P, Cox B, Dunphy J, Welsh K. MHC class II, tumour necrosis factor alpha, and lymphotoxin alpha gene haplotype associations with serological subsets of systemic lupus erythematosus. Annals of the rheumatic diseases. 2006;65(4):488-94.
12.         Chan MT, Owen P, Dunphy J, Cox B, Carmichael C, Korendowych E, et al. Associations of erosive arthritis with anti-cyclic citrullinated peptide antibodies and MHC Class II alleles in systemic lupus erythematosus. The Journal of rheumatology. 2008;35(1):77-83.
13.         Takeishi M, Mimori A, Suzuki T. Clinical and immunological features of systemic lupus erythematosus complicated by Jaccoud's arthropathy. Modern rheumatology / the Japan Rheumatism Association. 2001;11(1):47-51.
14.         Santiago MB. Jaccoud's arthropathy: proper classification criteria and treatment are still needed. Rheumatology international. 2013;33(11):2953-4.